top of page

Perspectiva

“Perspectiva é uma palavra latina que significa ‘ver através’” — é assim que Dürer explica o conceito de perspectiva, conforme citado por Panofsky.

Para Dürer, trata-se da "interseção plana e transparente de todos os raios que caem do olho sobre o objeto que ele vê."

A perspectiva não descreve um mundo que já existe, ela constrói um novo mundo para o observador.

São Tomé em Perspectiva

Aqui, perspectivas significam diferentes pontos de vista — uma visão do mundo onde todas as perspectivas se entrelaçam. Esta exposição propõe um olhar poético sobre o mundo, onde natureza e cultura se fundem, como descreve Ailton Krenak: "é tudo natureza." As imagens rompem com as dicotomias da visão moderna do mundo, buscando uma representação da coexistência entre a vida social e a orgânica, criando uma paisagem holística, uma verdadeira trama imagética.

São Tomé foi escolhido como contexto para refletir e ver o mundo de forma integrada. A pesquisa visual foi realizada nas antigas roças, hoje pequenas comunidades que ocupam fronteiras simbólicas: entre o mato e a roça, a matéria e a abstração, o passado e o presente, entre negros/as e brancos/as. Durante três meses, foram produzidas fotografias, vídeos, desenhos e entrevistas que revelam a vida nessas comunidades, outrora empresas coloniais. As roças transformaram-se em comunidades, habitadas por diferentes grupos santomenses, como angolares, são-tomenses e cabo-verdianos, entre outros. A exposição retrata cuidadosamente a pluralidade de pontos de vista que coexistem nessas comunidades.

O Santomense e o Mato

O Mato cura com suas ervas, é o abstrato que se situa fora da roça, mas ao mesmo tempo faz parte dela. Pode ser labirinto, esconderijo, limite, o desconhecido mais próximo e generoso. O Mato não é uma categoria fixa; ele se transforma num ciclo contínuo de vida e morte, nascimento e desintegração. Quanto mais denso o mato, mais ele exige das pessoas, forçando-as a se conectarem com o lugar e a construírem pontes com a cidade.

Roça e a Comunidade Orgânica

A Roça foi criada como uma estrutura de dominação colonial, mas, assim como o Mato, é uma categoria em transformação. Hoje, ambas integram o que os colonizadores quiseram separar: natureza e cultura.

Sobre a Exposição

A exposição constrói uma paisagem imagética que reintegra as edificações coloniais das antigas roças às novas construções das comunidades. A arquitetura colonial, aqui, não é a protagonista, mas uma parte que se desintegra na paisagem, representando vida e finitude. O espaço expositivo busca ativar constantemente as múltiplas perspectivas, sobrepondo camadas de pontos de vista.

As fotografias conduzem o visitante por um caminho de visualidades que explora a diversidade das plantas, os saberes do mato, a floresta e seus mistérios, as marcas coloniais das roças. A exposição nos convida a pensar em uma narrativa visual que envolve a floresta, o Tchiloli feminino, identidades em transformação e práticas cotidianas. É uma visão de um São Tomé em Perspectiva, um lugar de subjetividades em construção e em busca de equilíbrio.

A Montagem

Este trabalho é articulado por três visões em perspectiva: a do pesquisador/artista, do arquiteto e do designer. Colaborativamente, eles montam a exposição, posicionam imagens e desenvolvem uma narrativa diversa para os espaços internos e externos. Materiais simples e leves são usados para permitir sobreposições de camadas, enquanto o design integra as obras, o espaço e o público de forma personalizada.

2019

São Tomé em perspetiva

Equipa: del medio atelier + Emiliano Dantas

Artista e Antropólogo: Emiliano Dantas 

© 2018 del medio atelier. All rights reserved.
Professor Gomes Teixeira Street 9C 1350-249 Lisbon | +351969189231 | +351 968 443 617 | dm@delmedioatelier.com

bottom of page